Canclini na Cátedra

Entrevista com Per Anderson. Realizada presencialmente, no Museo Vivo del Papel, no município de Coatepec (Veracruz, México), no dia 02 de março de 2024.

Sharine: Obrigada! Poderia falar um pouco sobre sua trajetória e, depois, sobre este projeto…

Per Anderson: Bom, os antecedentes deste projeto, pode-se dizer, começaram há cinquenta anos. A situação em particular é que sou contratado como professor de litografia. Litografia é uma técnica de impressão que teve um uso intenso durante 150 anos porque, para os artistas, teve um papel extraordinário. A técnica foi inventada em 1796 na Alemanha. Mas, quando caiu em desuso, a técnica de litografia mudou e foi substituída pelo offset, por técnicas mais modernas de impressão. Então, os artistas perderam a conexão com a litografia. Certos artistas tomaram iniciativas extraordinárias como June Wayne em Los Ángeles, nos Estados Unidos, que, com o tempo, elaborou todo o projeto Tamarindo. O projeto Tamarindo, que até hoje está em intensa atividade em Albuquerque, nos Estados Unidos, talvez seja a oficina mais importante de litografia. A técnica foi conservada e assegurou-se que não irá desaparecer como um recurso disponível para os artistas. Em Los Angeles, foi tomada essa iniciativa, que agora é o Tamarindo. Em Florença, foi Il Bisonte, uma oficina de gravura, também pelo mesmo tipo de iniciativa: trata-se de conservar a antiga técnica. Apesar de ter caído em desuso do ponto de vista comercial e da indústria gráfica, a litografia, como técnica antiga, deveria ser conservada para uso exclusivo dos artistas. Na Suécia, também houve uma iniciativa importante para conservar a técnica. Quando houve uma mudança de tecnologia, de litografia sobre pedra para offset, lâmina e os processos fotomecânicos, apareceu um projeto que, até hoje, é a maior oficina de litografia da Europa. Em Tidaholm era a antiga fábrica de fósforos, de onde reaproveitaram as prensas, as pedras e tudo para dar-lhes uso artístico. Em muitas partes do mundo, foi necessário fazer trabalhos de resgate da técnica, de conservação da litografia. Eu precisei fazer esse trabalho e comecei há cinquenta anos aqui no México. Então, meu trabalho tem consistido em dar uma forma à litografia que esteja de acordo com as circunstâncias e condições materiais e econômicas do México. Não precisar trazer pedras litográficas da Alemanha, mas encontrar uma opção no mármore mexicano. E não ter que comprar as prensas litográficas nos Estados Unidos, que custam 22 mil dólares, mas fabricá-las nós mesmos. Fazemos aqui. Depois, precisamos resolver também como fabricar as tintas porque, anteriormente, eram compradas somente em Paris e em Chicago, e agora fabricamos aqui. Também solucionamos os rolos para pedras. A última parte, o último trajeto de apropriar-se de uma tecnologia própria é fazer o papel, o que também não foi simples. Mas, estudando a história do papel, visitando os museus na Europa, nos Estados Unidos e poucas oficinas que ainda são dedicadas a isso, pudemos recriar as antigas técnicas de fazer papel, até mesmo as origens do papel na China há dois mil anos. Com um cultivo próprio, fizemos, fabricamos o papel e, desse modo, nos tornamos independentes tecnologicamente. Se administrarmos bem essas tecnologias conquistadas, nós nos tornamos economicamente independentes. A Universidade Veracruzana, por exemplo, as universidades do México são grandes difusoras de cultura. Depois, há institutos de cultura em cada estado. No México, cada instituto estadual de cultura faz sua parte, independentemente da instituição federal. Mas têm certo alcance, quando chegam ao limite do que pode suportar o orçamento da universidade ou o orçamento destinado à cultura estadual ou federal. Tudo chega a um limite. A sociedade civil precisa entrar. Quando entramos em acordo, “vamos conservar a maneira de fazer papel no estilo chinês”, podemos formar uma associação civil regulamentada por normas, uma ata constitutiva e certas normas, certas regras. Temos o início de uma associação civil. Essa associação civil pode crescer e estabelecer muitas associações civis. Então, a linha de crescimento da cultura, podemos dizer, não tem limite definido. É a parte que pode expandir e oferecer mais espaços culturais. A oferta cultural cresce quando se agrega uma parte que não foi contemplada desde o início. As universidades seguem trabalhando, os institutos de cultura e a federação seguem trabalhando. Mas podem ser agregadas muitas dimensões da oferta cultural por meio da sociedade civil organizada. Bom, este projeto é um projeto com independência tecnológica, independência econômica e é regido por uma associação civil sem fins lucrativos. Começamos há 19 anos.

Sharine: Você é da Alemanha?

Per Anderson: Nasci na Suécia. Foi um pouco circunstancial porque foi uma família de refugiados de guerra. Mas estou no México desde 1970.

Sharine: Faz muitos anos…

Per Anderson: Sim, e comecei a trabalhar na universidade há cinquenta anos. Então, me contrataram como professor de litografia. Como resolver? Se era preciso trazer as pedras da Alemanha, comprar as prensas nos Estados Unidos, por 22 mil dólares, as tintas em Paris ou em Chicago e todos os papeis importados. Isso não era fácil. Então, fui buscando soluções. Assim como estas, soluções honestas de desenho. Construí prensas, desenhei prensas, habilitei a fabricação de rolos. Fabricação de tintas, fazer a oficina de papel, fabricar os moldes de papel, a maquinaria para fazer papel, implementar o cultivo de kozo, restauração do espaço, resgatar técnicas antigas de impressão, fabricar até mesmo móveis, porque você ouve demônios, está rodeada de madeira, há carpinteiros aqui. Por que ir comprar móveis nas lojas, feitos na China? Então, nós fazemos com recursos locais e com restauração. Ou seja, isso é algo muito real. Responde a necessidades muito concretas.

Sharine: Claro. O que vocês vendem? Os desenhos? A litografia?

Per Anderson: O papel. Bom, podemos ver aqui alguns vídeos [mostra uma televisão]. São simplesmente técnicas antigas recuperadas. Aqui vamos fazer o papel, assim como começou a ser feito há dois mil anos no China. Foi uma longa história. É produção de papel Kozo. Começou assim a história do papel na China há dois mil anos. Aprendemos e temos um cultivo que nos garante a matéria-prima.

Sharine: Ah, também cultivam as plantas aqui. Que interessante.

Sharine: É celuloide?

 Per Anderson: É celuloide sim.

Sharine: E fazem os desenhos?

Per Anderson: Também. Bom, cada um faz os seus. Os papeis são utilizados para os processos gráficos. A maquinaria, toda esta oficina está feita para que funcione. É muita maquinaria. Não se inventa de um dia para outro. Abordamos uma tradição que, na Europa, é de Fabriano, de 1264, não é verdade? Mas, na China, existe há dois mil anos e, depois, há as variantes e as mudanças. Aqui recuperamos formas de produção, como da Holanda, de 1650. Holandesa é o nome dessa maquinaria. Esses são moldes de papel vergé. Este é de Fabriano, 1264. Ou seja, você tem que estudar, ir aos museus, aos livros, tudo, tudo, tudo… Busque, busque, busque, busque as soluções e… faça convertê-las em práticas sustentáveis. Desenvolver uma atividade que não seja apenas sonhada, mas funcional. Você tem que produzir o papel a um custo mais baixo que os papeis importados. Tornar-se independente. Gerar fontes de trabalho e produzir um papel que seja útil para os processos de impressão, litografia, gravura em metal, madeira, etc. Então, todos os papeis devem ser utilizados, a baixo custo. Tudo o que você vê nas prensas é papel, papel, papel… Veja, aqui estão fazendo papel [mostra a produção]. Veja, trabalham em dupla. Ele deposita aqui e o outro forma a folha, passa para cá, pisa em um pedal, um aspirador, extrai a água e, agora, deposita aqui, então ele dá forma e, aqui, deposita entre os dois. Rapidamente. Assim, recuperamos estratégias de produção muito antigas. Antigamente, trabalhava-se de 10 a 12 horas por dia e tinham que fazer, por contrato, duas mil folhas de papel. Sabe quantos livros foram impressos desde que Gutenberg inventou os tipos móveis, em 1453? Os incunábulos… Nos primeiros 47 anos, 20 milhões de livros foram impressos na primeira etapa da história editorial. Havia uma indústria de papel manual, operando com uma eficiência extraordinária. Duas mil folhas por dia. Então, recuperamos um pouco disso. Não vale sonhar nada sem colocar em prática o que for útil. Se quiser, vamos ao interior da fazenda e vou lhe ensinar mais, dar mais dados sobre como temos operado aqui. Tivemos que criar este espaço aqui porque já não podíamos fazer no interior da universidade. Tínhamos que tomar decisões em que poderíamos envolver mais pessoas e não somente os empregados ou os estudantes da universidade, mas um projeto dedicado ao nosso entorno. Então, tive que operar na base de uma associação civil. Mas, como associação civil independente do governo federal, estadual ou municipal.

Sharine: E é independente da universidade?

Per Anderson: Sim, independente. Nós, como associação civil, fazemos um contrato com o governo do estado, que é dono desta propriedade, um comodato, um empréstimo, digamos. Então, como associação civil, somos obrigados a seguir regras específicas e operar com transparência. Veja, é uma espécie de resumo do estado de Veracruz [mostra um gráfico]. Nesta parte, encontramos o mármore que era necessário para recuperar a litografia. Aqui na costa há um sítio onde há uma areia muito boa, negra, que serve para polir a pedra. Começamos a produzir as prensas litográficas em Orizaba, depois em Coatepec. A madeira para as rodas é de Orizaba… Ali, há curtumes de couro, onde nos abastecemos de peles grossas. Há uma indústria de laranja em Martínez de la Torre. Da casca se obtém terpeno de laranja, que é um solvente, também útil para limpar as tintas. O sebo de carneiro é um componente específico para a fabricação de lápis litográfico ou tinta litográfica… madeira de vários tipos para fabricar os móveis, as prensas… Então, no estado de Veracruz encontramos praticamente todos os componentes de que necessitamos para pôr em marcha a litografia.

Sharine: Que bom. Parabéns.

Per Anderson: Você deixa de ficar sonhando em comprar na China ou em Taiwan. Aqui mesmo é possível.

Sharine: Vocês vendem somente aqui ou em outras lojas, na cidade também?

Per Anderson: Pedem pelo correio e mandamos papel ou produtos a qualquer parte da República. Esta prensa nós fabricamos aqui.

Sharine: Que bonita.

Per Anderson: A galeria está sendo reformada. Será feita uma nova divisão. Estão pintando. Mas esta é uma obra [mostra uma gravura].

Sharine: Foi feita com o papel?

Per Anderson: Com esta litografia sobre o mármore mexicano. Litografia em grande formato, que é um grande desafio técnico porque… pedras grandes são muito complicadas. Então, coloca-se em prática. Eu aprendi a litografia na Europa, claro, antes de chegar aqui. Quando eu cheguei aqui, um buraco negro por ai fez com que uma grande quantidade de energia desaparecesse. Enfim, faltava prensa, faltava tinta, faltava papel… Agora sim, já temos recursos. E não dependemos de todo o equipamento importado… as prensas, tinta, papel… Não, que horror, não! Queremos ser livres, independentes e dispor de recursos próprios e de baixo custo. É quase uma utopia. É sim. Mas é isso que estimula esse esforço de sermos independentes. Querer nos organizar de nossa própria maneira. Ter outras formas de nos organizar. Não temos que nos submeter a estruturas capitalistas, muito menos… Mas, sim, tornar ativa a produção. Vem gente de todo o mundo. Agora o projeto é muito conhecido no mundo porque resolvemos problemas que são comuns. Podem ter esses mesmos problemas no Chile, na Argentina ou no Brasil, não é verdade? Essa é uma loja que é parte importante de nossa economia. Mas queria lhe mostrar antes as oficinas. Aqui são produzidos, impressos. Acho que foi uma moça do Chile que veio fazer… [mostra uma obra]. As formigas… é como se fosse caligrafia chinesa. Desenha-se sobre a pedra. Essa é a nobreza da litografia: você desenha sobre a pedra, imprime, se quiser, cem cópias, o que quiser. A litografia tem uma grande nobreza porque é muito barata. Você pode ver diretamente. Se não gostar, eu raspo e apago. Volto a fazer. Tenho múltiplas maneiras, múltiplas formas de corrigir minha imagem. Então, há muitos motivos para conservar essa técnica. Porque permite trabalhar com custos muito baixos. A história da litografia é extraordinária. Quantos milhares de autores contribuíram para a criação de um legado forte para a litografia? É uma técnica muito atrativa, queremos conservá-la. Essa é a primeira prensa grande que fiz porque era minha convicção… Ter que adaptar todas as possibilidades de fazê-la… Então, aqui vamos recuperá-la. Essas prensas são pequenas. Os estudantes vêm aprender. Essa coleção de pedras é o mármore mexicano. Essas prensas são fabricadas aqui. Realizamos mais de quarenta oficinas de litografia em todo o país. Algumas no exterior também. Até mesmo em Camboja. Trata-se do resgate de uma técnica que estava a ponto de desaparecer.

Sharine: Parabéns por seu trabalho. É muito bonito, muito importante.

Per Anderson: É muito trabalho, de diferentes tipos… de carpintaria, de mecânica, de cultivos, de todo o tipo. Vamos ver outras oficinas. Esta é de gravura. Também é uma técnica que deve ser conservada. Se não prestarmos atenção, também pode desaparecer. E ficamos somente com as opções do último grito da tecnologia digital, não é verdade? Temos que conservar essa técnica que, ao mesmo tempo, pode ser combinada com todas as formas digitais e modernas, se quiser. Mas não devem faltar os recursos técnicos para que possam fazer arte gráfica em todas as suas dimensões.

[Encontram uma artista]

Artista: Acabei de fazer [mostra uma obra].

Per Anderson: Que preciosidade! É muito bonito! E é nosso papel. Fico encantado. É muito bonito, de verdade. Parece-me extraordinário. Acho que ela estudou nos Estados Unidos, na Flórida.

Artista: História da arte.

Per Anderson: Está fazendo uma residência aqui conosco.

Artista: É a segunda vez que eu venho. Fico encantada.

Sharine: Que bonito. Como é feita a chamada para a residência, para os artistas utilizarem?

Per Anderson: Entram na página da internet e, lá, estão as descrições de todos os tipos de residência. É que, obviamente, são cobradas porque ficam hospedados no piso de cima enquanto trabalham nas oficinas aqui embaixo. Então, é um lugar prático nesse sentido, porque trabalham quando querem. Se quiserem trabalhar à noite, trabalham à noite. E aqui há de tudo. Há muitas vantagens e, depois, fazem encontros. Na semana que vem, vêm pessoas de Hamburgo e da Suécia. São produzidos encontros maravilhosos. Há uma moça da Espanha, agora, eu acho. Bom, é imprevisível. Vêm artistas de muitos lugares diferentes e são feitos encontros formidáveis. Quem faz com que tudo funcione é Rafael Ruiz. Ele é o diretor técnico. Ele faz com que não nos falte dinheiro, que não fiquemos endividados e que as contas fiquem equilibradas. A finalidade não é ganhar dinheiro, mas sustentar a atividade com custos o mais baixos possível.

Sharine: Então, os artistas pagam para estar aqui?

Per Anderson: Sim, às vezes é a universidade que paga. Às vezes é a galeria que paga. Às vezes é o próprio artista. Muitas vezes, os licenciados em artes gráficas vêm, fazem cinco horas de trabalho e o resto é gratuito. Ou seja, não pagam sua residência, mas pagam com seu trabalho, com serviços. Bom, essa é a área de gravuras. Aqui fabricamos tinta. Aqui há uma máquina de ferver o azeite de linhaça e aqui é preciso integrar um velho aparato, uma máquina antiga, para moer a tinta e integrá-la ao azeite de linhaça com os pigmentos. Para não precisar comprar a tinta nem em Chicago nem em Paris. Não se alcança o mesmo nível, claro que não. Mas faz parte das estratégias. Não lhe mostrei onde fazemos os rolos, aqui. É complicado fazer esses rolos porque o couro é grosso. Você tem que preparar com agulhas e um fio. Depois, lixá-los para que fiquem assim, lisos. Ou seja, por trás de cada ação, há uma pesquisa. Aqui, você tem que estudar como fizeram no passado. Era um ofício especial. Outro ofício era o que fabricava os moldes de papel. Outro ofício era o que fazia o papel. Outro ofício era o que imprimia. Muitos ofícios diferentes. Agora vamos a outras partes. Ela é colombiana [refere-se a uma artista na oficina], mas estudou nos Estados Unidos e tem muito experiência. Aqui é um estudo tipográfico. São conservadas as antigas técnicas de impressão. Tipografia é bem importante. Pode ser combinada com as impressões digitais que quiserem, claro que sim. Mas que isso não se perca. Senão, você ficará na dependência do último grito, da última versão da tecnologia. E aqui está nosso herói, Ricardo Flores Magón [mostra uma imagem], anarquista que morreu no caso dos Estados Unidos, 1922. Este projeto tem muito caráter anárquico.

Sharine: Sim, claro.

Per Anderson: [fala para artistas na oficina] Ela vem do Brasil. Genial. Gosto muito que venham de longe. Agora estão imprimindo com tipos… Mas essa oficina é dedicada à moku hanga, é a técnica de gravura japonesa. É diferente da gravura sobre madeira no estilo ocidental. É feita com impressões sobre papeis finos, etc. O caráter autossuficiente reflete-se praticamente em todas as áreas. Quando um curso termina, fazemos pizza aqui. Também faz parte das estratégias. Não se pode apenas levantar o telefone: “Ouça, mande seis pizzas, por favor.” Como? Então, o que vou lhe dizer? Tudo, desde os cultivos, os processos, a fabricação dos móveis, a fabricação do equipamento… Desta maneira, conseguimos um nível de independência. Todos esses mecanismos foram criados especificamente para serem úteis e práticos no nosso entorno. Então você está em contato com o Canclini?

Sharine: Sim, trabalhei com ele. Eu participei de uma pesquisa na Universidade de São Paulo, que ele coordenou. Agora tenho uma bolsa do Governo do Estado de São Paulo para continuar a pesquisa.

Per Anderson: Sobre o que podemos conversar?

Sharine: Estou pensando porque tudo isso é muito impressionante. Então, vocês vendem o produto e recebem pagamento dos artistas que vêm para cá. Também têm esse terreno que é do governo?

Per Anderson: O edifício é do governo. Nós, como associação civil, temos como um empréstimo.

Sharine: Mas não pagam nada ao governo?

Per Anderson: Não. Mas temos custos para mantê-lo, para restaurá-lo. Custa mais que um aluguel.

Sharine: Claro. E como foi o acordo?

Per Anderson: Em primeiro lugar, como associação civil, você tem que declarar sua razão social. A que vai se dedicar? Conservar as antigas técnicas de gravura, pesquisara novas opções, desenvolver pesquisa, ensino, residências artísticas, produzir prensa, papel, tinta, etc. Isso é declarado. Não estamos alugando o espaço para casamentos. As regras para a associação civil são declaradas.

Sharine: Há um edital ou não?

Per Anderson: Você precisa declarar a razão social da sua associação civil, no cartório, ter uma escritura e entregá-la à Secretaria de Governo, que estuda e dá o “OK”. Você não vai desenvolver uma atividade política nem religiosa no lugar. De qualquer maneira, intrinsecamente, tudo o que há é político, mas não é declarado. Seguindo as regras, temos que gerar o recurso suficiente. Há quinze pessoas trabalhando aqui.

Sharine: E como pagam essas pessoas?

Per Anderson: Com os recursos arrecadados com a venda de papel, a venda de obras de arte, as residências, os cursos. Isso gera recursos e é preciso saber cuidar muito bem deles para que não caia em dívidas, claro. Não pode ter mais pessoas empregadas do que possa pagar. Martín Vinaver e eu começamos este projeto. Éramos dois, não? Agora, já são quinze.

Sharine: Sim, que bom. Então, parabéns.

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